Daniel Castillo completa um mês à frente da subscrição do IRB(Re)

Publicado em: 13/02/2023
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No dia 19 de fevereiro, Daniel Castillo completará um mês na vice-presidência de Subscrição do IRB (Re). Eleito para o novo cargo pelo Conselho de Administração (CA) da companhia em janeiro, ele ocupava até então uma cadeira no colegiado. Nessa entrevista, o executivo, que acumula mais de 35 anos dedicados ao mercado ressegurador, atuando em diversos países e empresas, conta como desembarcou no maior ressegurador do país e fala de sua carreira. Confira:

Como o senhor chegou ao IRB (Re)?

Voltei ao Brasil em 2020, achando que ia me aposentar e viver na Bahia. Mas isso durou pouco. Meses após o início da pandemia, recebi um convite para retornar ao mundo do resseguro, desta vez como conselheiro do IRB. A primeira dica que me deram é que deveria ser ‘nose in, fingers out’. Confesso que não imaginei que ‘aconselhar’ seria tão difícil. Ainda me sentindo muito ativo, senti uma necessidade enorme de ser mais executivo. Foi aí que o novo CEO, Marcos Falcão, meu colega de CA, me chamou para liderar a subscrição do maior ressegurador brasileiro.

Que estratégia deve ser seguida pela área de subscrição?

Para subscrever não precisamos de grandes fórmulas, precisamos apenas saber somar e subtrair. Ou seja, o prêmio que recebemos deve ser suficiente para pagar os sinistros, as despesas, os tributos, os salários e sobrar uma porção para nossos acionistas. Se essa simples equação não for positiva, o negócio não sobreviverá.

Nesse contexto, qual papel do subscritor?

O subscritor precisa ser um analista de riscos. Deve determinar um clausulado que proteja aquele bem e precificar pela exposição que vai assumir. Não tem segredo. Se for um conjunto de riscos individuais, deverá analisar a carteira de riscos com responsabilidade e determinar o preço justo pela exposição que vai assumir.

Como não cair em armadilhas?

O grande desafio é não se deixar levar apenas pelo volume de negócios. A precificação deve ser mais ciência do que arte. A análise do passado e a previsão do futuro são essenciais. Não devemos cair na tentação de acreditar que, sem uma base sólida, desta vez será melhor. Parece simples, mas não é. Manter a disciplina em alguns ramos exige uma análise completa do que pode acontecer, aquilo que pode ser reclamado anos depois, reservando adequadamente os riscos que assumimos no passado para tentar prever o improvável: o famoso ‘tail risk’. Como diz o Waren Buffett, ‘somente após a maré saberemos quem eram aqueles que nadavam nus’.

Toda essa tranquilidade vem da experiência acumulada ao longo dos anos? Como tudo começou?

Aprendi muito com as oportunidades que tive ao longo da carreira. Sou formado em Engenharia Civil, pela PUC-RS, e meu primeiro emprego foi na SulAmérica, como inspetor de riscos. Depois, assumi a mesma posição na Bradesco Seguros. Logo vieram os anos de alta inflação no Brasil e, recém-casado, decidi embarcar com a minha família para o Canadá. Lá, fui subscritor de engenharia na Munich Re. Aprendi muito. Típico ressegurador alemão, me mandaram para a Alemanha para aprender o idioma e a cultura da empresa. Mas pouco tempo depois, assumi a posição de gerente de facultativos em Montreal, cujo idioma predominante é o francês. Mais uma língua, mais uma cultura, mais um aprendizado.

O senhor também atuou na General Re.

Quando achei que a família já estava estabelecida no Canadá, a General Re, resseguradora americana, me oferece uma oportunidade em Londres, centro mundial do seguro e resseguro, para desenvolver de lá as operações facultativas do continente europeu. Ali, aprendi sobre o incrível mercado do ‘Lloyds of London’, experiência única para um subscritor de riscos. Já, nos anos 90, o assunto era o fim do monopólio de resseguros no Brasil. Em 1997, tive a alegria de retornar ao nosso país, para abrir o escritório de representação da General Re, mas veio a ação de inconstitucionalidade e a abertura do mercado foi adiada. Em seguida, depois da difícil experiência na Argentina em 2001, voltei para a Alemanha, com a missão de gerenciar os negócios de resseguros na Europa, América Latina, Oriente Médio e África do Sul. Fui o único latino-americano a fazer parte do ‘board of directors’ da General Re, experiência única e de imenso aprendizado em um mundo altamente competitivo e com as novidades de Sarbanes-Oxley e Solvência 2.

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