Por Luciano Valina, gerente de Garantia*
O mercado de resseguros no Brasil avançou com a emissão da primeira Letra de Risco de Seguro (LRS) pelo IRB(Re), realizada por sua subsidiária Andrina SSPE. A operação de R$ 33,7 milhões visou proteger parte das exposições detidas pelo ressegurador em 14 riscos específicos (grupos econômicos) vinculados à sua carteira de garantia. Esta operação inaugura a utilização de um instrumento financeiro que transforma riscos seguráveis (e, naturalmente, resseguráveis) em oportunidades de investimento, atraindo investidores e liberando capital para o setor.
A emissão da LRS pela Andrina
A Andrina SSPE estruturou a emissão da LRS em parceria com o Itaú BBA, utilizando para isto os regramentos contidos na Lei 14.430/2022, que regula títulos ligados a seguros no Brasil. Para esta primeira operação, a estratégia focou nas sinergias presentes nos mercados ressegurador e de capitais. O objetivo era fornecer ao investidor uma operação com riscos mais próximos do seu dia a dia reduzindo, assim, a curva de aprendizagem necessária para desenvolver negócios similares em outras linhas. Daí a escolha pela carteira de Garantia, que considera, assim como os investidores e além de outras variáveis, a qualidade do crédito e a probabilidade de inadimplência das empresas analisadas.
A LRS emitida, com rentabilidade de CDI + 2,5% paga no vencimento, em uma primeira análise e tendo em vista o tipo de risco por ela protegido, não possibilita ao investidor uma completa descorrelação de variáveis macroeconômicas tradicionais enfrentadas por eles em seu mercado natural de atuação. Para mitigar esse tema, e dado o ineditismo da operação, optou-se por oferecer um prêmio de risco superior ao habitualmente percebido pelo mercado financeiro para o risco de inadimplência das companhias protegidas nesta operação.
Impacto no mercado
A LRS beneficia o mercado segurador e o de capitais. Para investidores institucionais, dependendo da carteira protegida, representa uma nova classe de ativo com retornos que não estão atrelados aos ciclos econômicos tradicionais. Para o IRB(Re), a operação libera capital, e, naturalmente, capacidade de resseguro, ampliando seu potencial de oferecer novas exposições.
Perspectivas futuras
A introdução da LRS no Brasil sinaliza o início de uma nova era no mercado de resseguros. Com o suporte regulatório da Susep e a crescente demanda por instrumentos financeiros inovadores, espera-se que mais operações desse tipo sejam realizadas, fortalecendo a resiliência do setor segurador e atraindo investidores em busca de diversificação.
A emissão da primeira Letra de Risco de Seguro pela Andrina, é um marco histórico para o mercado brasileiro. O IRB(Re), por meio de sua subsidiária, ao conectar o mercado segurador ao de capitais, abre portas para a inovação financeira, oferecendo uma solução que beneficia investidores, seguradoras e a sociedade como um todo ao reforçar a possibilidade e a abrangência de proteção necessária ao desenvolvimento da sociedade brasileira.
*As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não expressam, direta ou indiretamente, as opiniões do IRB(Re).